Voando com a Azul (Ponte RJ/SP)
– eu não fazia um flight report de um voo nacional há bastante tempo, mas uma série de fatores me levaram à oportunidade de voar e avaliar o trecho doméstico de maior fluxo de passageiros no Brasil: a Ponte Aérea entre Rio de Janeiro e São Paulo, cidades que estão distantes por apenas 227 milhas (cerca de 370 quilômetros)
A OBRA NO SANTOS DUMONT/SDU
– a pista principal do Aeroporto Santos Dumont/SDU (02R/20L, que tem 1.323 metros de extensão) estará em obras no período (previsto) de 24 de agosto até 21 de setembro de 2019
– em função disso, LATAM BRASIL (que opera o Airbus A319 e A320) e GOL (com seus Boeings 737-700 e 737-800) transferiram todos os seus voos para o Aeroporto Galeão/GIG nesta fase
– somente os voos operados com aeronaves que têm condições técnicas de utilizar a pista auxiliar (02L/20R, que é menor e tem 1.260 metros de extensão) foram mantidos no aeroporto central carioca; foram os casos da PASSAREDO, que tem uma frota padronizada do turbo-hélice ATR voando de/para Ribeirão Preto/RAO e da AZUL, que manteve os voos para São José dos Campos/SJK, Campos dos Goytacazes/CAW e Ribeirão Preto/RAO, feitos também com o ATR-72, transferindo, via de regra, os demais para o Aer. Internacional na Ilha do Governador (com os E-Jets da Embraer), com exceção de uma única rota…
A AZUL NA PONTE AÉREA
– o processo de realocação de slots que antes estavam associados à “finada” AVIANCA BRASIL foi feito pela ANAC no final do mês de julho e beneficiou a AZUL, PASSAREDO, MAP e TWO FLEX
– a AZUL foi muito esperta e anunciou em 12 de agosto de 2019 que o tão aguardado serviço da Ponte Aérea seria lançado em 29 de agosto de 2019 com o Embraer E-195, que pode levar até 118 pessoas e tem características técnicas que permitem pousos e decolagens pela pista auxiliar, ou seja, durante mais de 03 semanas, a companhia reinará soberana na rota mais nobre da aviação brasileira
– em outros comunicados, a AZUL também informou que, quando a pista principal for liberada, pretende colocar na Ponte o Airbus A320Neo, que tem capacidade para 174 passageiros
– a campanha de marketing foi forte para anunciar a novidade e as 34 operações diárias: além dos diversos canais digitais, foram enviados e-mails para os clientes inscritos no programa Tudo Azul
– além disso, nos voos inaugurais (CGH/SDU – voo 001 – e SDU/CGH – voo 002), a mídia especializada e vários influenciadores digitais estavam a bordo a convite da companhia, gerando uma grande repercussão no universo das redes sociais
A EMISSÃO DA PASSAGEM
– emiti a passagem no dia do anúncio (12 de agosto), utilizando o aplicativo para celular da AZUL, pois é a única forma de evitar a cobrança de uma taxa adicional de R$ 35,90 mesmo quando a emissão é feita diretamente nosite; eu não tinha como voar nos dias 29 (trabalho), 30 (trabalho) e 31 (aniversário de 18 anos da minha enteada) de agosto, por isso, me restou o domingo, dia 1º de setembro
– a diferença do número de pontos do Programa Tudo Azul para as opções de voo era grande (até 13.500); aquele, no sentido Rio-SP, com partida marcada para 09:45h era um dos poucos que estava sendo oferecido por apenas 4.500 pontos; era um horário razoávele decidi emitir, pagando ainda R$ 32,95 de taxa de embarque
– para o retorno ao Rio de Janeiro, os voos da própria AZUL estavam bem “caros”, com alta quantidade de pontos sendo exigida; o Programa Smiles também não se mostrou como uma boa opção, com exorbitante número de milhas – 35.000!!! – cobrado para um voo de 40 minutos de duração no fim de semana
– a LATAM apareceu nas minhas pesquisas como melhor opção: emiti passagem para o voo de 18:00h para o Galeãogastando 7.000 pontos do Programa Fidelidade, com a perspectiva de antecipação gratuita em função do meu status Black (quem acompanhou os Stories no Instagram conferiu que deu tudo certo e voltei para a Cidade Maravilhosa no voo de 11:20h)
A IDA PARA O SANTOS DUMONT/SDU
– acordei naquele domingo com um pouco de ressaca da festa de aniversário do dia anterior, peguei um Uber às 08:35h e cheguei perto de 09:00h no Santos Dumont; na parte externa, pouquíssimo movimento e alguns ônibus estacionados
– durante o período de obras neste terminal, GOL e LATAM estão oferecendo de forma gratuita um transporte de ônibus do SDU para o GIG; cartazes das 02 companhias informam os horários de partida
– as áreas de check-in da GOL e LATAM estavam desertas, apenas 01 solitário funcionário de cada companhia ocupavam as dezenas de balcões vazios; até nos guichês da AZUL o movimento de passageiros era pequeno
– acessar a área de controle de segurança foi moleza, sem filas, passei minha mochila pelo aparelho de raio-x em questão de segundos, se fosse sempre assim…
O EMBARQUE NO E-JET
– inexplicavelmente, a AZUL está utilizando de forma mais frequente os Portões 7 e 8 nesta fase de quase “monopólio” do SDU, que ficam no extremo esquerdo da área de embarque; os Gates 3, 4 e 5 ficam quase em frente à área de controle de segurança e seriam muito mais convenientes para os passageiros; a única razão que vejo como plausível é agradar os comerciantes dos quiosques que ficam no trajeto até a ponta do terminal
– os painéis eletrônicos indicavam que naquela manhã e tarde, a AZUL dominava as operações, com exceção de 01 único voo da PASSAREDO com destino a Ribeirão Preto/RAO e depois Brasília/BSB
– dei um pulo rápido na ponta do terminal, onde é possível ter uma vista ampla da área de estacionamento do Santos Dumont e onde são feitos os procedimento de (des)embarque remoto: um solitário ATR-72 da AZUL descansava de frente para a torre de controle do aeroporto
– eram quase 09:20h e o embarque do voo AD4885 já estava sendo realizado pelo Portão 7, onde funcionários da companhia que atendiam aos clientes usavam uma camisa comemorativa da entrada na Ponte Aérea
– o E-195 escalado para este Shuttle Service até Congonhas tinha o prefixo PR-AXB, foi entregue à AZUL em dezembro de 2011 e recebeu o apelido de “Céu Azul de Brasília” (as fotos em tom esverdeado são consequências do vidro do prédio do aeroporto)
– o E-195 tem a configuração interna de cabine no esquema 2 x 2 (duas poltronas de cada lado), portanto, não tem o temido assento do meio; o chamado Espaço Azul (as 05 primeiras fileiras com assentos que oferecem 07 centímetros a mais de distância entre elas) custava R$ 45,00 (ou 2.648 pontos do Programa Tudo Azul); eu tenho status Safira no Programa e, por isso, ganhei no 02 cupons para usar esta facilidade de forma gratuita, que já foram utilizados no passado; estes assentos estão revestidos de couro em tom cinza claro
– meu assento, prévia e gratuitamente marcado, era o 6D, uma janela do lado direito do E-Jet, logo à frente do motor; a minha visão direta era da coluna da aeronave, para tirar fotos ou apreciar a vista da janela tinha que me inclinar para frente ou virar de lado; a poltrona era revestida de couro em tom cinza mais escuro e tinha aspecto de desgastado
– o espaço para pernas neste avião de fabricação brasileira era bem razoável (a AZUL informa que são 79 centímetros entre as fileiras); nesta aeronave, não há tomada ou porta USB para carregar o celular
– a tela do sistema de vídeo está instalada na parte de trás do encosto de cabeça do assento da frente; o tamanho dela é reduzido e a resolução é baixa; o controle remoto está instalado na ponta do braço da poltrona e o fone de ouvido foi oferecido na porta da aeronave no momento do embarque
– eram 09:31h quando foi feito um anúncio de que o embarque estava encerrado e, 03 minutos depois, as portas foram fechadas; partiríamos com alta ocupação, acima de 90%
– o vídeo com as instruções de segurança começou a ser exibido de forma obrigatória nas telas do sistema de vídeo; eu ainda não tinha visto esta nova versão, lançada pela AZUL em maio de 2019 e gostei: uma animação bem divertida com uma música que explora a “diversidade cultural do país” (segundo Comunicado da companhia)
– se algum passageiro ficar com dúvidas sobre as instruções de segurança do Embraer 195,= pode consultar um cartão com todas elas que a AZUL coloca no bolsão da poltrona da frente
O VOO PARA CONGONHAS/CGH
– antes da partida, tivemos um anúncio pelo sistema de áudio pela Comissária-Líder (é desta forma que a Chefe de Cabine se identifica nos voos da AZUL) dando as boas-vindas a todos; aquele voo seria suportado por 03 Comissárias no total
– logo depois, foi a fez do Comandante usar o microfone para informar que teríamos 45 minutos de voo, com tempo bom em rota e, também, no nosso destino, o Aer. de Congonhas
– o procedimento de pushback foi iniciado às 09:36h, partiríamos com sobra de quase 10 minutos, o que foi muito oportuno, afinal, eu faria quase uma conexão imediata em CGH para pegar o voo de volta para o Rio
– fizemos um rápido taxiamento até a cabeceira da pista, passando pelos portões desertos do SDU, que ficarão assim até o final de setembro
– no alinhamento para decolagem, foi possível ver que muitas máquinas e funcionários ocupavam a região da cabeceira 02R; o Embraer fez a curva para esquerda e imediatamente iniciou a aceleração; pelo que me lembro, foi minha primeira decolagem pela pista 2L (que tem apenas 63 metros a menos do que a principal) nestes tantos anos de voos semanais a trabalho
– o E-Jet demorou menos de 25 segundos para sair do chão, com os motores General Electric CF-34 trabalhando em potência máxima; a aeronave fez uma curva de cerca de 90 graus a direita, em direção à vizinha Niterói, para, alguns segundos depois, fazer uma nova curva para a direita em direção ao Oceano Atlântico passando por cima da Lagoa de Piratininga e, finalmente, rumar para o sul, em direção a São Paulo; infelizmente, o dia estava nublado, os registros desta fase inicial do voo não refletem a beleza da paisagem
– ainda antes de 09:50h, a Líder passou pelo corredor central e anotou a escolha das bebidas dos passageiros (eu pedi coca-zero; água e sucos eram as outras opções)
– a AZUL tem parceria com a operadora de TV por Assinatura SKY, que tem seus canais ao vivo como a melhor opção de entretenimento a bordo; minha 1ª escolha acessando o sistema foi ver a parte final do Campeonato Mundial de Judô por equipes (Brasil pegou o bronze!) e, depois, assisti um pouco da Copa do Mundo de basquete masculino (Grécia e Montenegro)
– olhando pela janela do E-Jet, a paisagem era muito bonita: sol com nuvens; entretanto, tirar fotos era um desafio, pois arranhões circulares na parte externa prejudicavam o foco delas
– na Ponte Aérea, a AZUL inovou no serviço de bordo; ao invés de oferecer diversos produtos naquela grande cesta de madeira, por volta de 09:55h, foram distribuídos saquinhos de pano, com 03 produtos dentro: balinhas em forma de avião, biscoito “Pão na Chapa” e um bolinho recheado de chocolate
– as bebidas escolhidas foram entregues logo em seguida (no meu caso, aquela latinha pequena de refrigerante) e, 10 minutos depois, ainda foi oferecido café (obviamente, eu aceitei!)
– diferentemente dos procedimentos adotados por GOL nos seus Boeings e pela LATAM nos seus Airbus, a AZUL não usa um carrinho para recolher o lixo produzido pelos passageiros com o serviço de bordo; eram 10:10h, quando uma Comissária passou com um sacolão preto e colocava tudo dentro dele
– foi feito um anúncio pela Líder de que os passageiros que compraram passagens (não era o meu caso) seriam agraciados com 1.000 pontos adicionais no Programa Tudo Azul como bônus daquele voo de Ponte Aérea
– olhando para o monitor do passageiro que viajava ao meu lado, vi que ele estava assistindo ao GP da Bélgica da Fórmula 1: eu tinha esquecido completamente da corrida daquele domingo; coloquei também no mesmo canal e consegui pegar o replay do acidente de Max Verstappen com Kimi Raikkonen logo depois da largada
– pegamos um pouco de turbulência na fase final do voo nada de sério ou preocupante; eram 10:25h quando foi feito o anúncio vindo do cockpit: “tripulação preparar para o pouso”, era hora de fazer as últimas conferências de que a cabine estava pronta; a aproximação para Congonhas demonstra a grandiosidade de São Paulo, são alguns minutos sobrevoando as construções da cidade, que vão ficando cada vez mais perto
– o trem de pouso do E-195 foi acionado e travado 02 minutos depois e o pouso pela pista 35L de Congonhas, que tem 1.940 metros de extensão, foi realizado de extremamente forma segura às 10:32h
– o tempo estava nublado na capital paulista; desembarquei pelo Portão 7 e as pontes de embarque e as grandes janelas de vidro do terminal em Congonhas permitem uma ótima visão do pátio do aeroporto
– fui ao banheiro e menos de 05 minutos depois já era hora de embarcar pelo Portão 5 para voltar para o Rio de Janeiro (Galeão/GIG) a bordo do Airbus A319 (prefixo PT-TMD) da LATAM
AVALIAÇÃO GERAL: a quantidade de pontos que “torrei” do Programa Tudo Azul para um voo de Ponte Aérea, mesmo em um final de semana, teve uma ótima relação custo-benefício; eu nunca entendi muito bem a razão da AZUL cobrar uma “taxa de conveniência” para emissão de passagens pelo site da companhia, para mim não faz sentido a isenção atingir somente a compra via aplicativo do celular; o Aer. Santos Dumont é mais cômodo para quem mora no Zona Sul, Centro e Tijuca, o que é meu caso; manter a rotina de partir do Santos Dumont para mim tem seu valor, pois o deslocamento para o Galeão é mais demorado e mais caro; com poucas pessoas transitando, a experiência de passar por este terminal é ótima; o voo partiu e chegou no horário, o que foi extremamente providencial; o Embraer 195 é uma bela máquina, eu adoro voar nele; a ausência da poltrona do meio é sempre um fator positivo, mas é preciso pontuar alguns negativos: ausência de tomada para carregar equipamentos eletrônicos, estado das janelas (arranhões) e localização das poltronas, sem visada direta para as janelas; a atitude de tripulação da AZUL foi (como sempre) positiva, continua sendo um diferencial; todos os contatos com as Comissárias foram atenciosos; a comunicação da cabine de comando com os passageiros foi clara e eficiente; com relação ao serviço de bordo: sem dúvidas, o melhor das companhias nacionais, com destaque para a variedade de bebidas e o café, mas, como passageiro, eu prefiro poder ter a opção de escolher o snack, a opção de distribuir uma sacolinha com “porteira fechada” não me agradou muito; no geral, foi muitíssimo interessante voar e avaliar este voo de Ponte Aérea
Mto bom!
Tomara que preços competitivos sejam uma constante e n apenas agora. P o público, é excelente.
Sobre os vidros, tomadas e tal, acho q tem a ver com as aquisições dos novos E-2 (que estou mto curioso p ver como serão). Mas mesmo assim acho q deveria ser atualizado…
Parabéns pelo conteúdo, mais uma vez!
Obrigado, Júnior! Eu também quero muito ver como serão os E-2s! Espero que consiga voar e avaliar logo que entre em operação! Bons voos!