Voando com a Latam (GRU/LIS)
– hora de voltar a fazer um voo internacional! Meu último tinha sido no início de março de 2020, quando um Boeing 777-300ER da LATAM BRASIL me levou de Miami para Guarulhos
– depois deste voo, fiquei sem entrar em um avião até o início de junho, quando comecei a fazer alguns voos na Região Sudeste, voando e avaliando a GOL, a AZUL e a LATAM
– a origem agora é justamente o Aer. Internacional de Guarulhos e o destino é Lisboa em Portugal; a distância entre as 02 cidades é de 4.916 milhas (cerca de 7.910 quilômetros)
– o meu destino final não seria Portugal, de lá eu faria uma conexão para pegar um voo da TURKISH AIRLINES até Istanbul na Turquia; eu escolhi esta cidade porque era uma das poucas que estão recebendo turistas sem grandes restrições nesta fase diferente de pandemia
– comprei passagem com apenas 10 dias de antecedência e paguei cerca de R$ 3.400,00 na tarifa TOP da LATAM, para viajar na classe Econômica; este perfil de tarifa permite cancelamento grátis e também é elegível para upgrade de cabine
O TESTE DE COVID
– eu fui para Guarulhos no sábado – 07.11.2020 – em um voo da LATAM que partiu do Santos Dumont às 20:25h, operado por um Airbus A319
– desembarquei no Terminal 2 do maior aeroporto da América Latina e fui caminhando até a área de check-in do Terminal 3, onde a infraestrutura provisória do laboratório da empresa CR Diagnósticos está instalado e que funciona 24 horas
– a Turquia não exige o teste PCR negativo para COVID-19, portanto, eu não precisava fazer o exame, mas julguei responsável ter a segurança de que ficaria horas dentro de um avião sem estar infectado
– o espaço é pequeno, mas tudo é muito bem organizado; não peguei fila, felizmente, apenas 01 pessoa estava na minha frente; depois de passar por uma triagem, fornecendo uma série de dados pessoais, fiz o pagamento (R$ 315,00, pois me foi concedido um desconto de 10% mediante a apresentação da minha passagem) e aguardei poucos minutos para ser convocado a fazer o exame
– é desconfortável (é coletado material com um cotonete fino das narinas e da garganta), mas confesso que achei que seria pior; tudo foi rápido, em 15 minutos eu já estava indo embora
– fiz o exame por volta de 22:00h e cerca de 03 horas depois o resultado – NEGATIVO – já estava disponível no site do laboratório
O PERNOITE EM GUARULHOS
– fiquei hospedado no hotel Hampton by Hilton Guarulhos Airport, que fica nos arredores do aeroporto e que oferece traslado gratuito em horários pré-definidos
– paguei R$ 230,00 (diária com café da manhã), tendo reservado com apenas 01 semana de antecedência
– logo que acordei no domingo, vi no meu e-mail que o meu upgrade tinha sido concedido pela LATAM: começava o dia com uma ótima notícia
– o hotel tem um terraço panorâmico que oferece uma vista extraordinária para o aeroporto; no final da manhã, depois de matar a fome no café, visitei o espaço e fiz alguns bons cliques da aeronaves em procedimento de pouso, com destaque para o Boeing 767-300ER da LATAM BRASIL (prefixo PT-MOB) que estava chegando de Salvador
– peguei a van gratuita que leva os passageiros até os Terminais 2 e 3 de Guarulhos às 13:10h, com bastante antecedência para o voo para a Europa com horário de decolagem marcado para 17:30h
– foram 15 minutos de trajeto e a primeira coisa que fiz ao chegar no T3 foi ir no laboratório para pegar a impressão do meu exame, que é fornecido em português e inglês; naquele início de tarde, a fila era bem maior; conversando com a funcionária que me atendeu, ela me afirmou que era o horário de pico
O CHECK-IN EM GUARULHOS
– os guichês da LATAM ainda não estavam abertos quando cheguei e, portanto, estavam vazios; é muito estranho ver dezenas e dezenas de balcões sem funcionários e passageiros; a última lembrança que tinha desta área foi quando embarquei para os Estados Unidos no final de fevereiro e o terminal estava lotado
– a área exclusiva que era dedicada para o atendimento personalizado aos clientes Black Signature do programa LATAM PASS está desativada, com tapumes
– depois de almoçar com calma no restaurante Ráscal, que fica no andar inferior e um dos poucos que estava aberto, voltei às 15:10h para fazer meu check-in e despachar minha mala (que foi etiquetada até o destino final – Istanbul); em apenas 03 guichês encontrei funcionários da LATAM e eram pouquíssimos passageiros na área
– o atendimento foi rápido, com o suporte da agente do Special Service (facilidade que a LATAM oferece aos clientes Black Signature); ela foi muito atenciosa e me confirmou que não seria possível acessar a Sala Vip da companhia, que está fechada sem previsão de reabertura (atualmente, apenas os lounges da American Express e Star Alliance funcionando e não tenho nenhum acesso a eles); além disso, ela me entregou o cartão de embarque do meu voo com a TURKISH AIRLINES
– os balcões dedicados a passageiros que voam em classe Executiva ou com status superior do programa LATAM PASS ou das companhias parceiras não estavam disponíveis para atendimento naquele momento
– o cenário de poucos passageiros não era diferente nas áreas de check-in das outras companhias com voos marcados para aquele domingo, como eram os casos da TAP (onde o movimento de pessoas era um pouco maior), LUFTHANSA e AIR FRANCE/KLM
– as medidas preventivas adotadas pela administração privada deste terminal podem ser vistas com mais vigor na sinalização, orientando os passageiros a manter distância; senti falta de mais dispositivos para higienização das mãos com álcool gel; e um grande folder indica que é feito controle de temperatura das pessoas que vão embarcar
A ÁREA INTERNACIONAL DE GUARULHOS
– um pouco antes de 16:00h, me dirigi à área de embarque internacional de Guarulhos; passar pelo controle de segurança (sem fila para passar minha mochila no aparelho de raio-x) e de imigração (novamente sem fila para conferência do passaporte) foi muito tranquilo
– logo depois de passar por estes controles, ao invés de seguir o caminho normal indo para a esquerda para alcançar o saguão principal da área de embarque, segui pela direita, onde um curto corredor leva a uma grande janela de vidro razoavelmente limpa, que permite uma ampla visão do pátio de Guarulhos; dali, tirei fotos do Airbus A350 da AIR FRANCE, do Boeing 787 da UNITED AIRLINES e do Boeing 777-300ER da SWISS
– outra aeronave que estava no pátio era justamente o Boeing 767-300ER que me levaria para Europa, que ainda carrega a antiga identidade visual da TAM
– depois da rápida sessão de spotting, segui o caminho em direção ao saguão de embarque, passando pelas lojas que estavam abertas, mas a maioria sem nenhum cliente dentro, o fluxo de passageiros era bem reduzido naquele final de tarde
– o trajeto pelos longos corredores onde estão instalados os portões de embarque mostrou a realidade impactante da pandemia: um aeroporto com infraestrutura enorme e moderna sendo frequentado por poucos passageiros; na hora que passei, o voo da AIR FRANCE para Paris estava partindo e os voos da SWISS para Zurique e da AMASZONAS para Santa Cruz de La Sierra partiriam em alguns minutos
– enquanto seguia por este trajeto, parei algumas vezes para tirar mais algumas fotos de aeronaves da AMASZONAS (Embraer), SWISS (Boeing), AIR CANADA (Boeing), TAP (Airbus), UNITED (Boeing) e AIR FRANCE (Airbus) no pátio do Aer. de Guarulhos
O EMBARQUE NO BOEING 767
– o embarque do voo LA8134 para Lisboa estava sendo feita no portão 328, que fica no final do saguão, à direita; a Agente do Special Service me esperava e alguns poucos passageiros também embarcavam naquele momento (eram 16:45h)
– o Boeing 767-300ER de prefixo PT-MSO me levaria até Portugal; esta aeronave foi entregue originalmente para a LAN CHILE em agosto de 2012 e, em agosto de 2013, foi transferida para a LATAM BRASIL; ainda carrega as antigas cores da companhia brasileira
– a Agente gentilmente me acompanhou até o meu assento: 5A, do lado esquerdo do Boeing, na última fileira da classe Executiva
– em cima da poltrona, já estavam disponíveis: uma garrafa de água, a necessaire, o fone de ouvido para o sistema de vídeo, o travesseiro e o edredom; senti falta da “pantufa” (chinelos) para ser usada durante o voo
– a necessaire é completinha (meia, tapa-olhos, protetor auricular, caneta, kit dental, protetor labial e creme de mão), mas é básica, apesar de vir com alguns produtos da marca L’Occitane;
– a configuração interna de cabine na classe Premium Business no Boeing 767-300ER é 2 x 2 x 2, ou seja, os passageiros que voam na janela não têm acesso direito ao corredor da aeronave; neste voo, isto não seria um problema, pois apenas mais 02 pessoas viajariam na Business (a realidade na classe Econômica não era diferente, a ocupação era baixíssima, menos de 20%)
– são 05 fileiras de poltronas na Executiva, mas o Boeing 767 da LATAM não tem o compartimento dedicado para descanso da tripulação (que é chamado de “sarcófago“), por isso, dois assentos são “interditados” (5J e 5L) e são cobertos por uma cortina; portanto, dos 30 lugares, apenas 28 são direcionados para passageiros
– eram 17:05h quando o Comandante utilizou o sistema de áudio para informar que a duração prevista de voo era de 08 horas e 44 minutos, que teríamos tempo nublado em Lisboa, com 16 graus de temperatura
– olhando pela janela do 767, eu teria uma ótima e ampla visão durante o voo: motor e asa com winglets
– por volta de 17:10h, a Comissária de forma muito educada veio até mim e esclareceu algumas questões muito relevantes sobre o serviço durante o voo, justificando as mudanças em função do combate à pandemia: o welcome drink com nuts não seria oferecido e não haveria menu impresso, ela informou verbalmente que eram 02 opções de prato para o jantar (carne com batata e massa tortellini)
– logo em seguida a porta 1L do B767 (por onde eu tinha embarcado) foi fechada, indicando que o procedimento de embarque tinha sido encerrado
– a LATAM não equipou suas aeronaves de fuselagem larga com conexão Wi-Fi à Internet, portanto, ficaria desconectado durante o voo; tomada universal e porta USB para carregar os equipamentos eletrônicos são muito mal posicionadas no Boeing 767: ficam escondidas no “fundo” da coluna central do assento; como o voo estava vazio, coloquei o cabo do meu celular na poltrona ao lado
O VOO PARA LISBOA
– o procedimento de pushback foi iniciado às 17:11h, portanto, partiríamos dentro do horário, com alguns minutos de antecedência, o que é sempre bem-vindo, por mais que minha conexão em Lisboa seria bem longa (cerca de 05 horas)
– enquanto éramos empurrados para trás, um Boeing 787-9 da TURKISH AIRLINES tinha acabado de chegar de Istambul e o Embraer E-190 da AMASZONAS estava pronto para voltar para a Bolívia
– neste momento, o vídeo tradicional com a demonstração das instruções de segurança passou a ser exibido de forma obrigatória nos monitores do sistema de vídeo
– durante o taxiamento, passamos perto de outras aeronaves estacionadas em posição remota do Aer. de Guarulhos: outros B767s da LATAM e o Dreamliner da UNITED
– depois da exibição das instruções de segurança, passamos a assistir um longo vídeo com manifestação do Presidente/CEO do Grupo LATAM sobre todas as medidas que foram adotadas para enfrentar a crise causada pelo COVID-19
– chegamos na cabeceira da pista 09L de Guarulhos (que tem 3.700 metros de extensão) às 17:29h, fazendo uma curva para a esquerda e já iniciando a a decolagem; foram necessários 45 segundos de aceleração em potência máxima dos motores GE CF6 para tirar o B767 do chão
– o vídeo completo desta decolagem a bordo do Boeing 767-300ER da LATAM está publicado no YouTube do V&A
– a fase inicial do voo foi tranquila, mas com baixa visibilidade; apesar de não ter turbulência, o sinal de apertar cintos demorou a ser desligado, o que aconteceu somente às 17:43h
– fui logo conferir o banheiro; os passageiros da Executiva podem ir naquele localizado na parte dianteira da aeronave, do lado esquerdo, antes da galley; estava limpo, mas nenhuma amenidade estava sendo oferecida, nem mesmo aqueles lencinhos umedecidos que a LATAM disponibilizava no passado (e que tanto gosto)
– olhando pela janela do 767 era possível contemplar um final de tarde lindo em algum lugar entre Guarulhos e Lisboa (ainda em território brasileiro)
– o jantar não demorou a ser servido, o que achei ótimo, pois teria mais tempo para descansar: eram 18:00h quando a Comissária veio e me “cantou” as opções de bebida alcoólica que foram embarcadas neste voo: cerveja, vinho branco e vinho tinto (minha indicação); ou seja, a minha escolha de sempre – espumante – não está sendo servida nesta fase; pedi água com gás para acompanhar
– recebi a bandeja completa: entrada (variedade de queijos), pães quentes embrulhados, prato principal (tinha escolhido a carne), sobremesa (frutas – abacaxi, melão e kiwi), um chocolate miniatura e um potinho de manteiga; os talheres era de aço e os potes e copos eram de louça e vidro
– minha bandeja foi retirada antes das 18:30h e pedi repeteco do vinho tinto e da água (sem gás, pois a com gás não tinha sido embarcada)
– 10 minutos depois, a Comissária me perguntou se eu gostaria de ser despertado para o serviço de café da manhã; ela me informou que seriam por volta 02:00h no horário brasileiro e 02 opções de prato: frios ou ovos mexidos (minha escolha)
– depois de matar a fome, era hora de explorar o sistema de vídeo: a tela tem tamanho reduzido e resolução mais baixa em comparação a aeronaves que já têm configurações mais modernas (como o Boeing 777-300ER da própria LATAM, que já passou pelo processo de retrofit)
– as opções de conteúdo são boas, com várias opções em português (áudio e legenda); escolhi para assistir “The Way Back” (O Caminho de Volta), filme lançado em março de 2020 estrelado por Ben Aflleck e que conta a história dramática de um ex-astro do basquete americano que tenta recomeçar a vida depois da morte do filho, divórcio e alcoolismo
– repito aqui o que já registrei em outras avaliações: o fone de ouvido é envolvido com plástico; se a ideia da LATAM é indicar que ele foi higienizado, acredito que o efeito é contrário, pois a aparência é muito feia; no mais, funciona razoavelmente bem, isolando de forma razoável o som da cabine
– lembrei de conferir a paisagem pela janela do Boeing 767: era o momento do pôr do sol, mais um dia se encerrava em algum lugar entre Brasil e Portugal
– por volta de 19:00h, a Comissária me entregou uma sacola para o caso da fome aparecer durante a “madrugada“: sanduíche de croissant, alfajor e copinho de água
– o cansaço bateu forte na parte final do filme que assistia e decidi dormir: os botões que colocam o assento na posição “cama” estão bem posicionados na parte superior da estrutura central; o cobertor e o travesseiro historicamente utilizados pela LATAM são de ótima qualidade, isto foi fundamental para que eu dormisse rápido e muito bem
– por volta de 02:10h, fui despertado pela Comissária, era hora do café da manhã; uns 03 minutos depois ela trouxe a bandeja completa: pães quentinhos, copo de plástico de iogurte com granola, suco de laranja (copo de plástico), potinho de geleia acompanhavam o prato principal de ovos mexidos com batatas; pedi café preto, servido em copo de papelão
– depois de recolher minha bandeja, a Comissária me entregou uma caneta e um formulário intitulado “Cartão de Localização de Passageiro“; eu não precisaria preencher, pois eu não ficaria em Portugal
– eram 02:40h quando ouvimos uma comunicação vinda do cockpit, com o o Piloto informando que pousaríamos às 06:10h no horário local (a diferença de fuso horário entre Brasil e Portugal nesta época do ano é de + 3 horas), que o céu estava parcialmente nublado e que a temperatura era de 13 graus na capital lusitana
– ainda estava escuro lá fora e o reflexo da iluminação da cabine tornava impossível tirar fotos desta fase do voo
– o tradicional anúncio “Atenção, Tripulação preparar para o pouso” foi ouvido às 05:50h, o trem de pouso foi armado e travado às 06:05h e o pouso foi realizado de forma extremamente suave às 06:10h pela pista 21 que tem 3.705 metros de extensão; a duração total do voo foi de 09 horas e 42 minutos
– um nevoeiro leve cobria as pistas e eram 06:14h quando encostamos no terminal de passageiros do Aeroporto Internacional de Lisboa
– a Chefe de Cabine fez uma série de alertas sobre as regras do processo de desembarque, que foi feito uns 10 minutos depois pela porta 1L do Boeing 767
AVALIAÇÃO GERAL: comprei passagem com pouca antecedência e com a concessão do upgrade para a classe Premium Business a relação custo-benefício se tornou muito boa; a assistência prestada pela Agente do Special Service foi ótima, ela se mostrou muito atenciosa; a impossibilidade de usar alguma Sala VIP em Guarulhos é um ponto negativo que pode ser apontado: abrir a sua própria Sala seria um exagero, de fato, mas acredito que seria oportuno que a LATAM negociasse um acordo com os administradores dos lounges que estão abertos para que seus passageiros pudessem contar com esta facilidade; o Boeing 767 é a minha aeronave “queridinha” e é sempre um prazer especial voar nela, mas a configuração da classe superior deste modelo de avião tem 02 grandes problemas: a configuração 2 x 2 x 2 e o sistema de vídeo, que já pode ser considerado ultrapassado; o voo partiu e chegou de forma pontual, o que é sempre um fator importante; os contatos com a tripulação de cabine são reduzidos durante o voo, mas em todos eles a Comissária que me atendeu demonstrou muito profissionalismo; os comunicados dos Pilotos foram sempre claros, passando dados do voo antes da partida e próximo do pouso; tendo em mente as restrições e particularidades da fase de enfrentamento da pandemia, achei as 02 etapas do serviço de bordo (jantar e café da manhã) bem satisfatórias; não considero um pecado as ausências do welcome drink, de água com gás e do espumante, em função disso; no geral, a experiência de um voo internacional transatlântico nesta fase diferente pode ser classificada como muito boa
A poltrona deita inteira ou parcialmente?