VOANDO COM A VUELING (BCN/LTN)
– estive na Europa há algumas pousas semanas atrás em uma viagem de trabalho, participando de um Congresso; como será detalhado a seguir, viajar diretamente de Barcelona/Espanha para Londres/Inglaterra – cidades distantes por 740 milhas (cerca de 1.200 quilômetros) foi uma solução de última hora em função das condições climáticas adversas que acabei enfrentando
A MUDANÇA FORÇADA DE PLANOS
– meu plano inicial era mesmo ir de Barcelona para Londres, mas passando antes por Dublin/Irlanda (para este 1º trecho, comprei uma passagem para voar com a espanhola de baixo-custo VUELING por apenas 19 euros), fazendo um conexão para fazer um voo cheio de novidades: 1º vez com a companhia CITYJET, 1º vez a bordo do AVRO RJ85 (aeronave de pequeno porte com 04 motores) e 1º vez pousando no aeroporto central londrino (London City)
– entretanto, uma nevasca totalmente fora de época assolou a Europa justamente naquele final de fevereiro e início de março, trazendo muitos transtornos, em especial, pelo fechamento de aeroportos; o terminal de Dublin foi um dos mais afetados, o que levou ao cancelamento de todos os voos da CITYJET previstos para o dia 01.03.2018; no final da tarde do dia anterior, eu recebi um SMS informando que o meu voo tinha sido cancelado
– por isso, na noite anterior, tive que fazer uma operação de guerra e enfrentar o momento da verdade: como o meu voo de volta ao Brasil partia de Barcelona, eu tive que optar entre 1) ficar na bela cidade no litoral do Mar Mediterrâneo por mais dois dias, abandonando meus planos de ir para Inglaterra, ou 2) arrumar um voo direto para Londres, onde a situação dos aeroportos era melhor do que Dublin; a pesquisa de voos indicou que a própria VUELING oferecia uma opção razoável, considerando que eu comprava a passagem na véspera, saindo de “madrugada” (06:45h) com destino ao Aeroporto de LUTON/LTN, um dos terminais que atendem à cidade inglesa; esta foi a minha escolha (o preço final, incluindo uma bagagem despachada foi de 110 euros (cerca de R$ 450,00)
O AEROPORTO DE BARCELONA
– acordei à 04:15h, peguei um táxi (custo de 30 euros) e cheguei por volta de 05:00h no Aeroporto Internacional de Barcelona – El Prat; estava tudo escuro ainda e me chamou a atenção a quantidade de táxis chegando ao mesmo tempo; apesar do horário, o movimento de passageiros já era intenso
– eu adoro este terminal, a arquitetura dele é linda, tudo é amplo e funcional; além disso, é muito bem sinalizado; mais de 60 companhias aéreas operam por lá, onde, em 2017, mais de 47 milhões de passageiros passaram (Londres Gatwick é o destino principal, Amsterdam/Holanda aparece em 2º lugar)
– a VUELING, com sua frota de mais de 100 aviões (todos fabricados pela AIRBUS: A319, A320 e A321) é a companhia aérea que opera o maior número de voos neste aeroporto: em 2017, mais de 17 milhões de passageiros dela passaram pelo Aeroporto de Barcelona (a irlandesa RYANAIR é a 2ª maior, mas transportou “apenas” 6,9 milhões de pessoas), por isso, tem muitas dezenas de guichês, além de muitos quiosques de auto-atendimento
– apesar do intenso movimento de pessoas, não peguei fila para despachar minha mala, foi muito rápido, em menos de 03 minutos eu já estava com meu cartão de embarque
– passar pelo controle de segurança também foi moleza: os funcionários ajudam na distribuição do fluxo de pessoas e na orientação na hora de passar os pertences pelos muitos aparelhos de raio-x
– adicionalmente, os passageiros dos voos que estão partindo para fora da Comunidade Europeia (é caso de Londres) precisam passar pelo controle de passaporte; usei o meu documento português, pois o único guichê dedicado aos cidadãos europeus estava sem fila
– os voos operados por aeronaves de pequeno porte partem da seção “D”; os Portões D1 e D2 ficam logo depois do controle da polícia de fronteira espanhola; virando a esquerda, há um longo corredor onde estão instalados os Portões D3 a D16
– a quantidade de aviões da VUELING, todos perfilados no pátio, impressiona e comprova que Barcelona é o principal “hub” operacional desta companhia espanhola de baixo-custo
– a administração do aeroporto oferece Wi-Fi gratuito a todos os passageiros, bastando fornecer algumas informações básicas e aceitar as condições de uso
– nesta área, apenas um restaurante funcionava naquela hora, onde tomei um rápido café da manhã: gastei 4,95 euros (cerca de R$ 20,00) para comer um croissant e tomar um suco de laranja
– os painéis eletrônicos indicavam que o embarque do meu voo seria feito pelo Portão D14, onde cheguei por volta de 05:30h; um Airbus 320 já estava estacionado bem em frente, ainda desacoplado do “finger”, indicando que ele tinha “dormido” naquela posição
– naquele momento, nenhum funcionário da companhia estava nos arredores do portão; 02 deles, que seriam responsáveis por suportar o embarque, apareceram às 05:50h
– 10 minutos depois, foi a vez da tripulação do voo chegar; logo em seguida, o “finger” foi acionado para permitir a entrada dos pilotos e Comissários – 04 tripulantes de cabine suportariam este voo – no avião
– filas se formaram rapidamente em frente ao portão e o embarque parecia próximo; eram 06:15h (30 minutos antes do horário previsto de partida) quando todos foram surpreendidos com o seguinte anúncio: as condições climáticas em Londres eram adversas (nova nevasca), o voo estava atrasado e sem previsão de início do embarque; por fim, a funcionária informou que em 20 minutos seriam dadas novas informações
O EMBARQUE NO A320
– felizmente, apenas 10 minutos depois o embarque foi convocado; a VUELING organiza a entrada no avião da seguinte forma: 1) prioridades e passageiros da classe “Excellence” (a classe superior oferecida pela companhia), 2) o ocupantes das fileiras 15 a 31 e, finalmente, 3) os sentados nas fileiras de 1 a 14; depois da conferência do cartão de embarque pelo staff da companhia, todos descem uma escada rolante antes de ficar no mesmo nível da aeronave
– para este voo entre Espanha e Inglaterra (VY7964), o Airbus A320 escalado tinha o prefixo EC-LVO, que voa desde a sua fabricação – abril de 2013 – com as cores da VUELING
– fui recebido com sorrisos na porta do avião pela Chefe de Cabine; não tive dificuldades para colocar a minha mala de bordo no bagageiro superior; o meu assento era o 8F, uma janela do lado direito da aeronave, que tinha a tradicional configuração interna de cabine com 03 poltronas de cada lado (esquema 3 x 3); esta aeronave pode levar até 180 passageiros (para referência: a LATAM Brasil configura este mesmo modelo de aeronave com 174 lugares, ou seja, uma fileira de poltronas a menos)
– o espaço para as pernas era extremamente reduzido, me arrisco a dizer que foi a menor distância entre poltronas que já tive a oportunidade de experimentar; o meu joelho ficou a 01 milímetro do banco da frente; de fato, bastante desconfortável; o assento ainda reclina (menos do que o normal, mas reclina); fiquei torcendo para o passageiro sentado na minha frente não acionar o botão dele…
– a quantidade de bagagens de mão levadas a bordo pelos passageiros era grande; se os Comissários não ajudassem a arrumar as malas no bagageiro, várias delas teriam que ser despachadas para o porão, o que atrasaria ainda mais a nossa partida; com jeitinho e boa vontade de todos, coube tudo
– nesta aeronave, não havia sistema de vídeo para exibir alguma série de TV ou filme; da mesma forma, não tinha tomada ou porta USB para carregar o celular
– no nicho da poltrona da frente, a VUELING coloca o cartão com instruções de segurança, a revista de bordo – LING – e o menu do serviço de bordo que é unicamente pago
– este menu traz uma variedade impressionante de opções: bebidas alcoólicas, bebidas quentes, snacks, biscoitos, sanduíches e até sushi vegetariano; os preços são apenas razoáveis, uma lata de cerveja acompanhada de um mix de azeitonas, batata e amendoim, por exemplo, é oferecida a 5,50 euros (um pouco mais de R$ 20,00)
– o anúncio de que o embarque tinha sido finalizado foi feito às 06:45h e dei sorte: ninguém viajaria ao meu lado, apesar do voo estar bem cheio, com ocupação superior a 90%; atravessei minha perna, invadindo o espaço vazio ao meu lado
– tivemos uma comunicação do Piloto às 06:50h, que começou pedindo desculpas pelo atraso, explicando que ele se deu por conta das condições de neve no destino, afirmando que os motores seriam ligados em 10 minutos; a previsão de duração de voo era de 01 horas e 55 minutos; o anúncio foi feito em espanhol e inglês
– as instruções de segurança foram demonstradas de forma manual pela tripulação: uma Comissária ficou na parte frontal da aeronave e outra na altura das saídas de emergência
O VOO PARA LONDRES
– o procedimento de pushback foi iniciado às 07:08h (ou seja, apesar dos contratempos, partíamos com 23 minutos de atraso apenas); a chuva caía com certa intensidade naquela hora em Barcelona
– o taxiamento até a cabeceira da Pista 25L de BCN não foi demorado; entretanto, havia uma sequência de aeronaves prontas para partir (A320 da EASYJET e A320 da JOON, a companha de baixo-custo da AIR FRANCE); por isso, só decolamos às 07:26h; os 02 motores CFM56, acionados em potência máxima, demoraram 34 segundos para tirar o A320 da VUELING do chão
– estar na janela valeu a pena neste voo: logo depois que o Airbus passou pelas densas camadas de nuvens que encobriam Barcelona, a paisagem lá fora ficou linda, com os raios de sol começando a aparecer
– o sono bateu forte alguns minutos depois da decolagem e dormir foi inevitável, consegui encaixar bem minhas pernas naquela posição na diagonal e descansar um pouco; os dias de trabalho em Barcelona tinham sido intensos e, lembrando, eu tinha acordado às 04:15h naquele dia
– eu nem vi o serviço de bordo sendo oferecido e, quando acordei, o sol batia bem forte do lado direito da aeronave, mas era possível perceber que nuvens pesadas estavam lá embaixo
– quando começamos a perder altitude e passar pelas nuvens, pegamos um pouco de turbulência, nada muito incômodo; a partir daquele momento, nos despedimos da luz do sol, desde então, olhando pela janela do avião, a paisagem se resumia a um vasto espaço branco e cinza, sem viabilidade de nada
– eram 08:50h quando o Comandante fez o anúncio de que o pouso estava próximo, chegou a hora da tripulação preparar a cabine para nossa chegada; naquele momento, apesar da visibilidade ainda continuar ruim e da nevasca que parecia cair, foi possível começar a ver o solo inglês lá embaixo: tudo estava branco, coberto de neve
– o trem de pouso do A320 foi armado e travado às 09:08h; apesar da nevasca, o procedimento de aproximação foi tranquilo e pousamos suavemente na Pista 8 de London Luton (que é única) às 09:15h no horário espanhol (eram 08:15h em Londres – a diferença de fuso horário entre Inglaterra e Espanha é de -1 hora); apesar do atraso na saída de Barcelona, chegamos apenas 03 minutos depois do horário previsto
– o taxiamento até o desembarque foi bem interessante: este foi o meu 1º pouso em condições de frio extremo, eu nunca tinha pousado com neve, que estava espalhada por toda a pista; a Chefe de Cabine informou que a temperatura em solo era de 7 graus negativos
– quando estávamos próximos de nosso local de estacionamento, consegui registrar o processo de “deicing” (degelo) de um A320 da EASYJET: um caminhão lança um fluido especial para remover o gelo (e prevenir nova formação) nas partes móveis da aeronaves, para garantir que todos os sistemas vão funcionar direito na decolagem e voo e que a aerodinâmica das asas seja preservada
– estacionamos em um posição remota no pátio de London Luton às 08:18h; um funcionário do aeroporto enfrentava o frio e fazia a sinalização indicando a correta posição de parada
– depois de descer as escadas, apesar do frio, consegui fazer um “cara-a-cara” com o Airbus A320 que tinha me trazido de Barcelona; os funcionários de terra já cuidavam de descarregar as bagagens dos passageiros
– os passageiros eram obrigados a fazer uma caminhada de cerca 150 metros até a estrutura do terminal, mesmo naquele frio intenso; para a sorte de todos, não estava ventando, o que poderia aumentar muito o desconforto, pois a sensação térmica seria terrível; de positivo, consegui captar aviões da EASYJET, RYANAIR e WIZZAIR, companhias que têm forte presença neste aeroporto
– uma vez dentro do terminal, um grande corredor leva à área de controle de imigração inglesa; as grandes e limpas janelas de vidro eram um incentivo a continuar tirando fotos das máquinas das companhias de baixo-custo (low-cost) europeias no pátio sendo preparadas para as próximas missões
– 17 anos depois eu voltava a Luton: no longínquo ano de 2001 estive neste aeroporto que tem uma estrutura modesta, bem diferente do gigantesco London Heathrow; em 2016, quase 15 milhões de passageiros passaram por lá, tendo Copenhagem/Dinamarca e Amsterdam/Holanda como principais destinos
– a forma com melhor relação custo-benefício para ir de Luton até o centro de Londres é pegar um ônibus gratuito fornecido pela administração do aeroporto, que leva os passageiros até uma estação de onde partem trens com direção à St. Pancras, uma grande estação, de onde é possível ir para qualquer canto da cidade; o custo é de 16,95 pounds (cerca de R$ 75,00)
AVALIAÇÃO GERAL: esta foi minha 4ª experiência com a espanhola VUELING e todas elas tiveram mais ou menos o mesmo padrão; o valor pago pela passagem acabou sendo muito justo, considerando que comprei algumas horas antes do voo e, também, a duração dele (cerca de 02 horas); o Aeroporto de Barcelona é ótimo, começando pela sua arquitetura, é um terminal funcional e que proporciona conforto aos passageiros; pelo menos para este voo, a companhia teve habilidade para lidar com os problemas trazidos pela forte nevasca que atingiu a Europa, apesar de partirmos com um atraso de mais de 20 minutos, pousamos no destino 03 minutos apenas depois do horário previsto; o A320 é uma máquina que atende muito bem a este tipo de voo “intra-europa”, mas a configuração de alta densidade da VUELING é muito ruim: o reduzido espaço para pernas é sem dúvida um ponto de destaque extremamente negativo; a falta de uma tomada para carregar os celulares também merece ser pontuado; não há gratuidade no serviço de bordo e os preços dos muitos itens vendidos não são proibitivos; a tripulação teve sempre uma atitude positiva, desde a recepção com sorrisos até a disposição em arrumar lugar para a bagagem de todos; além disso, a comunicação da tripulação com os passageiros foi clara e tempestiva; no geral, foi uma experiência positiva com a VUELING
Obrigado pelo relato e queria tirar uma dúvida com você: A vueling é muito rigorosa com as dimensões da bagagem de mão? Minha mala de mão é de dimensões brasileiras: 55x35x25 e na Europa é 55x40x20. Eles costumam observar isso? Minha preocupação é esta porque quanto ao peso são os mesmos 10kg. Obrigado pela ajuda.
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