Voando com a SCOOT (NRT/DMK)
– vamos em frente com a Volta ao Mundo de 2017, hora do 5º trecho, Voando e Avaliando de Tóquio/NRT para Bangkok/DMK, um voo de 06 horas de duração aproximada, são quase 2.900 milhas de distância (cerca de 4.600 quilômetros), operado pela SCOOT
A SCOOT
– a SCOOT foi criada pela Singapore Airlines como resposta ao crescimento (e sucesso) das companhias de baixo-custo no sudeste asiático, com o grande diferencial de explorar rotas mais longas e com aeronaves maiores
– ela fez seu 1º voo comercial em junho de 2012 (Sydney na Austrália foi o destino), usando uma pequena frota de 06 unidades de Boeing 777-200 emprestadas da sua “dona”, usando o Aeroporto de Singapura como centro de operações
– em janeiro de 2015, foi iniciada a transição de toda a frota para o Boeing 787, atualmente são 14 unidades deste modelo voando com as cores da SCOOT para mais de 20 destinos na Austrália, Indonésia, Tailândia, Japão, Coréia do Sul, Taiwan, China, Índia, Árabia Saudita, Filipinas e Grécia
– no ranking SKYTRAX de 2017, a SCOOT aparece em 60º lugar, ganhando 01 posição com relação ao ano de 2016
– na Volta ao Mundo de 2016, eu tinha me programado para conhecer a SCOOT, mas tive que fazer uma mudança de última hora e acabei não tendo esta oportunidade
A COMPRA DA PASSAGEM
– comprei a passagem com muita antecedência, foi a 1ª que comprei quando comecei a planejar a Volta ao Mundo de 2017: outubro de 2016, ou seja, cerca de 08 meses antes da data do voo; a SCOOT apareceu rapidamente como a melhor opção para este voo, pois, sendo low-cost, vende um trecho somente (“one-way“) a preços extremanente convidativos
– o site da SCOOT na Internet é muito “vibrante” e de fácil navegação, as informações são exibidas de forma clara, com a opção da língua inglesa
– a companhia opera 01 voo diário e diurno entre Tóquio/Narita e Bangkok/Don Mueang, saindo no meio da manhã (10:00h) do Japão e pousando no início da tarde (13:50h) na Tailândia, utilizando o menor dos seus Boeings 787: versão 800; o preço base de passagem é de R$ 250,00; se o passageiro quiser embarcar com prioridade (o meu caso, para ter a chance de tirar fotos do interior do avião mais vazio) é possível “comprar” por 520 ienes (R$ 15,00)
– no total, com a inclusão de todas as taxas e da prioridade de embarque, o total pago foi de 12.871 ienes (cerca de R$ 360,00)
– recebi um e-mail logo depois que meu cartão de crédito foi aprovado, com a confirmação da compra e com todos os detalhes do voo
– em janeiro de 2017, preferi incluir logo uma franquia de bagagem à minha reserva; a SCOOT cobra 3.500 ienes por até 20 quilos (R$ 98,00) e podem ser comprados até 40 quilos (R$ 210,00)
O LEILÃO DE UPGRADE
– no final de março de 2017, eu estava fazendo uma confirmação de todas as passagens que eu já tinha emitido nos sites das diversas companhias aéreas e quando acessei a minha reserva da SCOOT foi ofertado um leilão para a classe superior instalada no Boeing 787: BIZ
– o esquema proposto pela SCOOT é bem interessante, ela usa um simulador do valor a ser proposto para o lugar na BIZ e indica a chance de sucesso, considerando os outros leilões realizados naquele trecho; fiz uma oferta de 10.000 ienes (cerca de R$ 280,00)
– 02 dias antes do voo recebi um e-mail com a “boa notícia” de que a minha oferta tinha sido aceita e que eu voaria na classe BIZ
O CHECK-IN ANTECIPADO (OU NÃO)
– ao contrário do que a lógica de uma companhia de baixo-custo pode indicar, para voos com origem no Japão, a facilidade de check-in antecipado pela Internet não é oferecida, ou seja, não há como aliviar o trabalho dos funcionários do aeroporto, todos os passageiros precisam passar pelos balcões do aeroporto
A IDA PARA O AEROPORTO
– quando viajo sozinho, a melhor opção é recorrer ao transporte público para ir ou sair dos aeroportos; pode não ser a mais conveniente, mas com certeza é a mais barata e permite um contato direto com o dia-a-dia da população do país que estou visitando; no Japão, não foi diferente
– a distância do meu hotel para o Aeroporto de Narita/NRT era de mais de 60 quilômetros; há um serviço de ônibus especial (chamado “Limousine Express”), a opção mais econômica, mas, com medo de pegar um trânsito ruim, preferi combinar o trem urbano (custo de 200 ienes – R$ 7,00) com o trem-bala chamado Skyliner (2.640 ienes – R$ 92,00) para chegar lá
– saí do hotel por volta de 06:55h, andei cerca de 10 minutos até a estação Shinjuku, peguei o trem urbano até a estação Norobi para pegar o Skyliner…
– … quando cheguei na escada rolante que dá acesso à plataforma, vi o trem de 07:25h partindo (sensação sempre ruim…); perdi por impressionantes 30 segundos….me restou pegar o trem de 07:46h, que estava cheio, a maioria das pessoas carregando malas; o interior é confortável, tem babageiros para colocar as bagagens na parte da frente dos vagões
O AEROPORTO DE NARITA
– cheguei no Terminal 2 de Narita (a 1ª parada do Skyliner, que depois segue para o Terminal 1) por volta de 08:30h, com antecedência apenas segura para um voo internacional com partida marcada para 10:00h
– é preciso subir algumas escadas rolantes e caminhar um pouco, foram 10 minutos até chegar a área de check-in da SCOOT na Seção B do enorme salão de atendimento das companhias aéreas neste Aeroporto
– poucas pessoas estavam sendo atendidas e fui no “corredor” da classe BIZ, onde fui atendido na hora, não havia fila; a funcionária foi muito gentil, apesar de nossa comunicação em inglês não ter sido das melhores; ela conferiu meu passaporte umas 04 vezes, consultou um manual e, finalmente, imprimiu meu boarding pass e etiquetou a a mala que eu estava despachando (que pesava quase 15 quilos, com sobras para a minha franquia de 20 quilos)
– eram 08:40h e eu já estava pronto para passar pelos controles de segurança; o aeroporto é enorme e muito bonito, com ótima iluminação; algumas lojas e lanchonestes estão localizadas em um andar superior, onde é possível ter uma ampla visão do saguão de check-in de Narita; um enorme painel eletrônico na parte central desta área traz informações das dezenas de voos programados para aquela manhã de domingo
– para chegar no Portão 97, é preciso percorrer um longo caminho, o que inclui cruzar o pátio de manobras do Aeroporto por um túnel subterrâneo; as principais marcas de luxo têm lojas por lá
O EMBARQUE NO B787-8
– o arredor do Portão 97 estava cheio de gente aguardando a convocação para embarque; a janela de vidro (limpa) permitia que todos apreciassem o B787-8 da SCOOT em uma linda pintura amarela recebendo os últimos preparos para o voo até Bangkok
– em uma lojinha de conveniência bem em frente ao Portão, gastei meus últimos ienes para comprar aquele chocolate Kit-Kat de sabores exóticos: melão e chá verde
– a SCOOT usa aqueles “currais” para organizar as filas, de acordo com a prioridade do embarque e a numeração dos assentos; eram 09:15h, britanicamente em ponto, quando foi anunciado o início do embarque pelo sistema de áudio
– o Boeing 787-8 escalado para este voo carrega o prefixo 9V-OFA, fabricado em julho de 2015 e que só vestiu as cores da SCOOT até agora
– na porta do avião, uma sorridente Comissária recepcionava os passageiros, ela me mostrou como chegar na minha poltrona: 1C, primeira fileira, corredor no lado esquerdo, ou seja, eu teria um espaço adicional para as pernas durante o voo; infelizmente não consegui sentar na janela para ficar mais fácil registrar o mundo exterior durante o voo
– a Biz Class tem apenas 03 fileiras, com a configuração 2 x 3 x 2, são 21 lugares no total, com o incômodo e terrível assento do meio para quem senta na parte central do avião; estava lotada, nenhum lugar vago; fique curioso para saber quantos mais estavam lá em função do leilão…
– as poltronas são forradas com couro azul bem escuro; o encosto de pés era ajustável (com pouco angulação); já no encosto de cabeça, as pontas podiam ser viradas para dentro para permitir um apoio lateral na hora do sono
– na classe Econômica, a configuração é 3 x 3 x 3 e também estava cheia, mais de 90% de ocupação; as poltronas são revestidas de um tecido azul mesclado com branco
– no geral, o B787 da Scoot está bem conservado, mas o tapete cinza escuro instalado no piso está muito surrado, parecia aquelas trilhas que se formam em gramados de parques e canteiros para as pessoas cortarem caminho; as cortinas que separam as cabines são amarelas
– antes da partida, o ambiente geral era de um ritmo frenético dos membros da tripulação e do time de solo da SCOOT, executando as tarefas prévias ao voo
– um potinho de água foi distribuído aos ocupantes da classe Biz, esta foi a única amenidade de “welcome” oferecida pela SCOOT; Fila seria a “Scootee” (na revista de bordo, as comissárias são assim chamadas) que atenderia ao lado esquerdo desta classe; ela anotou os pedidos de almoço de todos, informando que ele seria servido logo depois da decolagem, com uma atitude ansiosa, esperando sempre uma resposta rápida dos passageiros
– enquanto a porta da aeronave estava aberta, uma música alta e pop animava a cabine, parecia uma boate; ofereci ajuda à passageira da poltrona 1D para colocar sua mala pesada no bagageiro superior; fiz isso em todos os voos que peguei no Japão e é interessante que, no 1º momento, as japonesas acham estranha a gentileza oferecida, que para mim é tão natural de fazer
– me chamou atenção o uniforme da tripulação: muito simples, as comissárias usam um vestido “básico” (preto com uma faixa amarela do lado direito e perto do pescoço) com sandália “rasteirinha” (nada de sapato alto) e o Comissário (só tinha um) uma calça jeans preta e uma camisa pólo amarela e preta
– o Piloto, pronunciando um ótimo inglês, usou o sistema de áudio para dar “bom dia” a todos e informar que teríamos a previsão de duração de 05 horas e 55 minutos de voo
O VOO PARA BANGCOK
– o pushback foi iniciado às 09:54h, na mesma hora em que a tripulação fez a demonstração das instruções de segurança de forma manual
– o taxiamento em Narita foi muito longo, só fomos decolar às 10:1oh, quando o piloto anunciou: “Cabin crew, take off stations“; logo depois, a aceleração em potência máxima dos 02 motores Rollys Royce começou a empurrar o B787 por longos 45 segundos até partirmos rumo à Tailândia (o avião estava pesado)
– a subida até atingirmos a velocidade de cruzeiro foi bem tranquila, sem turbulência; já eram 10:30h e o aviso de apertar cintos ainda estava ligado, acho que o piloto esqueceu de desativar, mas, finalmente, perto de 10:35h, foi apagado e algo me impressionou: o tempo decorrido entre o sinal apagar e as comissárias pularem de seus assentos para preparar o serviço de bordo alguns milisegundos, parecia a rapidez do piloto de Fórmula-1 que pula de dentro do carro que está pegando fogo
– um Comissário fez uma série de anúncios em inglês somente; depois uma Comissária repetiu tudo (acho que em tailandês), enquanto isso houve a distribuição dos formulários de imigração para os passageiros que desceriam na Tailândia
– a poltrona reclina razoavelmente bem; os botões de regulagem ficam na ponta do braço da cadeira e os botões de acionamento da luz e de chamada de comissária estão instalados na parte esquerda; de fato, bem menos conforto do que se poderia imaginar para uma cabine “premium” a bordo de um B787, mas oferece algum conforto, não posso negar; na estrutura central do assento, 02 tomadas estão instaladas, permitindo que aparelhos eletrônicos sejam carregados durante o voo
– no bolsão instalado na parede bem em frente ao meu assento, tinha de tudo: cartão com as instruções de segurança, cardápio do serviço de bordo, revista de bordo da SCOOT e catálogo de produtos que podem ser comprados (“Scootalogue”)
– eram 11:00h em ponto quando o almoço foi servido: uma cumbuca de plástico com arroz (empapado, como é comum nesta região) e frango com molho shoyu (bem forte) e cogumelos; para beber, uma garrafinha de plástico com 187ml de vinho branco; o copo e os talheres eram de plástico; a sobremesa era uma barra de chocolate “Dairy Milk”
– na bandeja (de plástico, claro) veio um cartão com o código de acesso à “Scoot TV”, a plataforma de conteúdo de vídeo que a SCOOT oferece, na mesma linha do “LATAM Entertainment” e do “GOL On Line” no Brasil, onde o passageiro usa o seu próprio celular ou tablet para acessar o sistema e assistir a filmes e séries
– estava olhando a revista Scootalogue e um Comissário passou e perguntou se eu queria algo, perguntei se tinha disponível a miniatura do B787 que operava o voo (escala 1:250) e o ursinho de pelúcia “Scott Bear”, ele disse “temos, com certeza, vou trazer em instantes“; paguei com cartão de crédito, total de 45 dólares pelos 02 souvenires
– o céu lá fora estava lindo, uma pena eu não estar sentado na janela para poder fazer mais fotos, eu tinha que aproveitar as idas ao banheiro do meu companheiro de fileira para conseguir fazer algum registro
– apenas 01 banheiro está instalado na parte da frente do B787; de dimensão apenas razoável, estava limpo quando eu fui; nenhuma amenidade é oferecida aos passageiros e, além daquele em cima da pia, um grande espelho está instalado na parede do outro lado
– enquanto aguardava para ir ao banheiro, reparei em uma prancheta com uma planilha com informações sobre as nacionalidades da tripulação: Singapura (a grande maioria), Coréia do Sul e Austrália; aproveitei para tirar fotos da “cozinha” e das portas dianteiras do B787 da SCOOT
– a SCOOT oferece Internet a bordo, mas achei os preços bem caros (lembrando que paguei apenas 1 dólar para ter uma franquia de 500Mb no voo da EMIRATES do Rio de Janeiro para Buenos Aires):; os preços são: 20Mb por 05 dólares (a companhia informa que a velocidade de acesso neste pacote é de apenas 64kbps, a mesma da antiga Internet discada do nosso telefone fixo no Brasil), 01 hora por 11,95 dólares e 03 horas por 16,95 dólares; acabei contratando o pacote mais simples só para testar o sistema; a experiência de navegação é muito ruim
– presenciei um pequeno incidente a bordo, ocorrido pertinho de mim: depois do almoço, o passageiro da poltrona 2C pediu mais uma garrafinha de vinho, mas a Comissária informou que ele deveria pagar por ela, pois a passagem na classe Biz oferece tão somente a bebida durante a refeição; ele ficou transtornado, falando palavrões em inglês; ela ficou muito constrangida com a falta de educação dele, falou “Take it easy, sir”, virou as costas e deixou ele esbravejando sozinho
– por volta de 13:30h, as Comissárias ofereceram um serviço adicional e pago de comidas e bebidas; o cardápio oferecido é extremamente variado, tem de tudo para todos os gostos; estava com sede e com vontade de comer um sorvete; eu tinha ganho um voucher de 02 dólares com a compra dos souvenires, gastei mais 08 dólares com uma lata de coca-zero e um Haagen-Dazs de caramelo
– o resto do voo continuou muito tranquilo; aproveitei mais uma ida ao banheiro do meu companheiro de fileira para tirar a tradicional foto do motor e asa (lado esquerdo) em voo, com a janela clara e escurecida pelo sistema de controle de luminosidade do Boeing 787 (neste modelo de aeronave não há aquela típica cortina)
– o trem de pouso foi armado e travado às 16:07h, tocamos a pista de forma segura às 16:10h (hora japonesa ou 14:10h no horário tailandês); encostamos no terminal internacional de DMK às 14:16h
– o Aeroporto DMK é um dos dois que atende Bangkok, não é o principal, mas recebe voos internacionais com aviões de grande porte (além do B787 da Scoot, a Air Asia voa com o A330); a imigração foi muito lenta, varias filas que se misturavam, pessoas entrando na frente das outras, só consegui resgatar minha mala perto de 15:30h
– alguns dias depois deste voo, estava no Aeroporto de Melbourne na Austrália e encontrei com o B787 que me levou de Tóquio para Bangkok
AVALIAÇÃO GERAL: a antecedência e a escolha de uma companhia low-cost me permitiram comprar a passagem para um voo internacional de 06 horas a um preço muito bom; o custo adicional do leilão para a classe Biz foi razoável também, para voar com um pouco mais de conforto, mesmo que este produto não possa ser classificado como uma classe Executiva; o Boeing 787 é uma bela máquina e estava muito curioso de voar nele nas cores de uma companhia de baixo-custo; me chamou atenção de forma negativa o estado do carpete da aeronave, o que indica que ela tem um alto índice de utilização; o serviço de bordo, dividido na parte “grátis” e na “paga”, foi, no geral bem “justo”, considerando a quantidade de horas do voo; a tripulação tem uma atitude destacada, o comprometimento e foco no serviço são flagrantes e em todos os contatos fui muito bem tratado; no geral, foi uma experiência muito interessante e satisfatória com a SCOOT
Mas uma leitura ótima, curioso como eles acham estranho alguma pessoa ajudar uma outra em uma pequena necessidade.
Rogerio, é cultural, o japonês é prático, o que não combina com gentileza. V&A
Oiii tudo bem? Espero que sim 🙂
Adoreii seu artigo continue assim!
Sucesso.